cabecera
 



Indexada en EBSCO, Latindex, Dialnet, Miar, RILM Absracts of Music Literature, CIRC, REBIUN
 
 

LITERACIA MUSICAL A PARTIR DE UMA PRÁTICA INTERDISCIPLINAR DAS ARTES

Doutor Levi Leonido
Departamento de Artes e Ofícios
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Portugal

(Nº 2, ENERO, 2007)


Imprimir este Artículo

Volver a la Edición nº 2

Ir a la edición actual

REFLEXIÓN

ABSTRACT

Ao falarmos de Literacia musical, estamos obviamente a referirmo-nos à aprendizagem musical básica, assim como se este processo fosse tal qual a aprendizagem da leitura e da escrita. Qualquer indivíduo deve desenvolver as suas capacidades musicais básicas para ter autonomia de criação e de experimentação dos sons e de todo o mundo sonoro.

Palabras clave: Literacia

Ao falarmos de Literacia musical, estamos obviamente a referirmo-nos à aprendizagem musical básica, assim como se este processo fosse tal qual a aprendizagem da leitura e da escrita. Qualquer indivíduo deve desenvolver as suas capacidades musicais básicas para ter autonomia de criação e de experimentação dos sons e de todo o mundo sonoro.

        Naturalmente este processo constitui, tal como a prática musical, um olhar e um sentido em relação ao saber e às competências, aos quais tanto podem ser ligados à razão como à intuição, à simplicidade e à complexidade, como à racionalidade à emoção etc.

        No domínio das competências musicais em particular e, artísticas no geral, desenvolvem-se segundo o Currículo Nacional do Ensino Básico – Competências Essências (1998:165):

Através de processos diversificados e apropriação de sentidos, de técnicas, de experiências de reprodução, de criação e reflexão, e acordo com os níveis de desenvolvimento das crianças e dos jovens

        As competências específicas (até ao 3º ciclo, com a excepção do ensino Pré-escolar e do 1º Ciclo do Ensino Básico) propõem-se desenvolver através da prática musical e artística, a segurança e virtuosismo da compreensão, assim com entender as interpelações existentes entre a música na escola, na sala de aula e as músicas presentes no seu dia-a-dia ordinário. Essas mesmas competências, têm como objectivo promover práticas artísticas adequadas aos diferentes contextos onde é implementada esta acção, com o intuito de construir e desenvolver significativamente a literacia musical em diversos domínios. Seguidamente apresentamos nove linhas de acção específicas no domínio do desenvolvimento efectivo da literacia musical, que são os seguintes: 1) Desenvolvimento do pensamento e imaginação musical, assim como a capacidade de imaginar e relacionar sons; 2) Domínio de práticas vocais e instrumentais diferenciadas; 3) Composição, orquestração e improvisação em diferentes estilos e géneros musicais; 4) Compreensão e apropriação de diferentes códigos e convenções que constituem as especificidades dos diferentes universos musicais e da poética musical em geral; 5) Apreciação, discriminação e sensibilidade sonora e musical crítica, fundamentada e contextualizada em diferentes estilos e géneros musicais; 6) Compreensão e criação de diferentes tipos de espectáculos musicais em interacção com outras formas artísticas; 7) Conhecimento e valorização do património artístico – musical nacional e internacional; 8) Valorização de diferentes tipos de ideias de produção musical de acordo com a ética do direito autoral e o respeito pelas identidades socioculturais; 9) Reconhecimento do papel dos artistas como pensadores e criadores que, com os seus olhares, contribuíram e contribuem para a compreensão de diferentes épocas, tipologias e culturas musicais do passado social e cultural.

        As acções supracitadas, consubstanciam de alguma forma um leque vasto de experimentação no que diz respeito à música e à sua relação pedagógica, sendo que são resultado de vivências fortes em termos estéticos e artísticos, em variadas épocas, tipologias e âmbitos culturais ligados à música do passado e do presente.

        A literacia musical pode ser desenvolvida por toda a vida, como uma simples e calendarizada etapa, se bem que, a nosso ver é uma aprendizagem infinita e cada vez mais, feita ao longo da vida. Sensibilizar artisticamente, no nosso ponto de vista é, tal como Suzuki opina acerca do seu método, baseado em termos comparativos à aprendizagem da língua materna. Aprende a ser sensível e artista, como quem aprende a ler e a escrever. Ou seja, será uma etapa artística que dotará o indivíduo de qualidades e sensibilidades ainda não potenciadas e, muitas vezes, desconhecidas dos mesmos. Pode dizer-se que é um processo de descoberta ou redescoberta de si mesmo e, somente após essa etapa realizada será possível o indivíduo/aluno desenvolver outras capacidades mais técnicas e apuradas, as quais lhe conferem o profissionalismo e virtuosismo que artisticamente ele anseia. Portanto é um preparar do caminho para a plenitude artística e, principalmente para a realização pessoal diversificada e prazerosa, que a nossa escola não considera nem contempla com frequência. Literacia Musical e sensibilização artística são o caminho da satisfação pessoal e profissional de um profissional das artes, se a sua formação for ministrada de forma interdisciplinar e sem visões estanques e isoladas da realidade artística nas escolas portuguesas e do mundo inteiro.

        Para o Ministério da Educação (1998) o facto de se inserir as artes na educação torna-se numa questão problemática e algo paradoxal, intercalada entre a afirmação da sua importância para a formação (humanista e criativa) e as variadas entraves que se têm percebido no que concerne à sua execução no currículo. Actualmente a reorganização curricular confere relevância significativa ao domínio das artes na educação, no que diz respeito à música e outras formas de expressão, assim como promove os saberes e olhares artísticos de forma interdisciplinar (Expressão Musical, Dramática, Motora e Plástica ou Educação Visual).

        As actuais orientações curriculares no âmbito da música, centram-se na pessoa do aluno, no pensamento, na sociedade, na cultura e na cidadania, assim como resgata dos antecedentes programas de educação musical do ensino básico quatro domínios estruturadores da aprendizagem, os quais passamos a descrever: 1) Tecnico-artístico-musical; 2) Interpretar; 3) Compor; 4) Ouvir. Os domínios aqui delineados consolidam experiências pedagógicas e musicais diversificadas assentes na vivência e na experimentação artística e estética, situadas em diferentes épocas, tipologias e culturas musicais do passado e do presente. A experimentação e vivenciação destes, estão alicerçadas no pressuposto “o som e a música antes dos símbolos e das notações”. Ou seja, as actividades musicais apresentadas para desenvolver, são organizadas de maneira adequada à potenciação de compreensão e das inter-relações entre a música na escola e, consequentemente, na sala de aula, assim como nas músicas presentes nos quotidianos dos alunos e das comunidades onde se inserem.

        As orientações curriculares estão direccionadas principalmente no sentido de precaver práticas artísticas diversificadas e adequadas aos diversos contextos onde se dá a acção educativa, com a intencionalidade aferida para que se possibilite a edificação e o aperfeiçoamento da literacia musical em cinco domínios: 1) Desenvolvimento de competências no domínio de práticas vocais e instrumentais diferenciadas; 2) Desenvolvimento de competências para compor, arranjar e improvisar em diferentes estilos e géneros musicais; 3) Desenvolvimento do pensamento e imaginação musical, no que diz respeito à capacidade de imaginar e relacionar sons; 4) Compreensão e apropriação de diferentes códigos e convenções que constituem as especificações dos diferentes universos musicais e da poética musical em geral; 5) Desenvolvimento de competências para apreciação, discriminação e sensibilidade sonora e musical de diferentes estilos e géneros musicais, de uma forma crítica, fundamentada e contextualizada. Por outro lado, as orientações curriculares mais recentes estão pensadas e organizadas da seguintes forma e atendendo aos três seguintes aspectos organizacionais (Ministério da Educação, 1998):

De acordo com os novos desafios que se colocam à escola, à educação, aos alunos e aos professores no âmbito de pensar a educação e a formação artístico-musical em torno das competências;

Para encorajar os professores de educação musical a planearem a formação em séries conectadas e interligadas de acordo com os territórios e os contextos sociais e culturais onde desempenham as suas actividades. No âmbito do projecto da escola e da inserção e desenvolvimento comunitário, podem organizar-se outro tipo de projectos como um coro, aprendizagem de determinados instrumentos musicais, aprendizagem de determinados estilos (música da renascença, Pop, World Music, Rap etc.);

Entendendo os artistas em geral, e os músicos em particular, como pensadores, que, com as suas ideias e olhares, contribuíram e contribuem para a compreensão de diferentes aspectos da vida quotidiana e da história humana e social.

        As Orientações Curriculares estão edificadas à volta de cinco sustentáculos fundamentais: 1) Prática artística; 2) Produção; 3) Animação; 4) Criação; 5) Investigação . Estes sustentáculos funcionam como elementos estruturantes no desenvolvimento de diversos géneros de competências, capazes de uma reconceptualização do ensino básico no que diz respeito à educação musical. Assim como pode e deve contribuir para reconciliação de toda a comunidade escolar, com as práticas artísticas, sendo capaz de ir incentivando a formação ao longo da vida e potenciando o conhecimento e o desenvolvimento do património artístico-musical em todos os campos de acção escolar e extra-escolar.

        A implementação das Orientações curriculares relativamente aos papéis a desempenhar por professores / alunos, devem girar à volta dos seguintes aspectos: 1) Utilização criteriosa de um vocabulário cuidado bem como terminologias apropriadas (1): 2) Utilização de estratégias e metodologias de educação e formação inclusivas (2): 3) Adequação da educação e da formação aos alunos com capacidades acima da média (3) : 4) Adequação da educação e da formação aos alunos com dificuldades de aprendizagem (4): 5) Adequação da educação e da formação às questões éticas e de autoria (5):

        As orientações curriculares mais recentes encontram-se repartidas em três partes, as quais passamos a descrever: 1) Temas organizadores das aprendizagens (6); 2) Organização e gestão das orientações curriculares (7); 3) Bibliografia, discografia, CD-ROM's ou na Internet (8).

        A Literacia Musical deve em primeira instância, preparar o aluno (educação formal) ou participante (educação não formal), como quem aprende a ler ou escrever, a dominar os códigos básicos para uma plena integração no mundo da educação e, por sua vez, no mundo infinito da teoria e prática musical.

        Em resultado da constatação do facto de que em Portugal as etapas básicas em termos de experiência e desenvolvimento de aprendizagens musicais, especificamente no que respeita à literacia musical, não são até ao ensino superior, de modo algum conseguidas. O Método interdisciplinar de literacia musical que a seguir passamos a descrever, vai entre outras coisas, tentar restituir ou reestruturar essas mesmas competências básicas não desenvolvidas até então no ensino pré-universitário, ou seja, em todos os níveis ou etapas da educação básica e complementar. Em suma, são acções que pretendem ser capazes de promoverem nos discentes, num contexto formal e não formal, o integral desenvolvimento da literacia musical na senda da desenvoltura das identidades pessoais e sociais, individuais e colectivas dos aprendizes musicais, que são as seguintes (até ao ensino superior):

- Vivenciar diversos tipos de instrumentos e culturas musicais (9)

- Contactar e experimentar processos comunicacionais, formas e técnicas de criação puramente musical (10)

- Realizar ou promover eventos vários (espectáculos ou apresentações públicas de trabalhos) (11)

- Assimilar referências ao assistir ao maior número possível de espectáculos ou performances artísticas (12)

- Dominar na perspectiva do utilizador as novas tecnologias da informação e da comunicação (13)

- Estar em contacto permanente com o património artístico-musical nacional e internacional (14)

- Estar inserido em programas ou projectos que no cerne da sua acção promovam intercâmbios entre instituições de formação generalista e artística (15)

- Integrar experiências interdisciplinares e transdisciplinares na abordagem a outras áreas do conhecimento (16)

- Desenvolver projectos de investigação ou outros projectos artísticos de interesse cultural e formativo (17)

        Para a APEM (Associação Portuguesa de Educação Musical) citando António Vasconcelos (2006:4):

O desenvolvimento da literacia musical constitui-se como o grande objectivo do ensino da música no 1º ciclo do Ensino Básico. A literacia musical além de significar uma compreensão musical determinada pelo conhecimento de música, sobre música e através da música, engloba também competências da leitura e escrita musicais e organiza-se em torno de um conjunto diversificado de dimensões1 assentes nos seguintes pressupostos da aprendizagem musical: 1. Todas as crianças têm potencial para desenvolver as suas capacidades musicais; 2. As crianças trazem para o ambiente de aprendizagem musical os seus interesses e capacidades e os seus próprios contextos sócio-culturais; 3. Mesmo as crianças mais pequenas são capazes de desenvolver o pensamento crítico através da música; 4. As crianças devem realizar actividades musicais utilizando materiais e repertório de qualidade; 5. As crianças aprendem melhor em ambientes físicos e sociais agradáveis e no contacto interpares; 6. As experiências diversificadas de aprendizagem são fundamentais para servirem as necessidades de desenvolvimento individual das crianças; 7. As crianças necessitam de modelos eficazes de adultos

        Este processo de ensino e aprendizagem da educação musical, no 1º ciclo do ensino básico, consiste primeiramente na interacção de um conjunto de actividades relacionadas com a audição, interpretação e composição e, em seguida com o aprofundamento de saberes e práticas realizadas numa etapa escolar seguinte (2º ciclo). Esta interacção está consignada aos domínios seguintes: 1) Todas as actividades são actividades criativas; 2) As práticas musicais podem envolver mais do que uma actividade em simultâneo; 3) Ouvir, interpretar e compor está interligado com os contextos de criação e acção artística, social, cultural, histórica e estética nomeadamente através das inerentes abordagens sensoriais. Portanto, os domínios referenciados anteriormente ligam-se facilmente a áreas de saber diferenciadas nomeadamente a outras artes e áreas científicas, humanísticas e tecnológicas.

        Para a APEM (2006:10) no que respeita às Orientações Metodológicas na Educação Musical no 1º Ciclo do Ensino Básico refere que :

foram pensadas de modo a contribuir para que o processo artístico-educativo e os diferentes tipos de aprendizagem que lhe estão subjacentes fomentem e desenvolvam a apropriação dos saberes diferenciados inerentes ao desenvolvimento da literacia musical

        A contribuição nesta área (literacia Musical) está assente nos seguintes domínios: Audição; Prática vocal; Prática instrumental; Movimento corporal; Experimentação, improvisação e composição; Relação com outras áreas de saber; Projectos artísticos; Criação de materiais digitais e outros; Avaliação; Promoção de parcerias e do trabalho em rede. De referir que este ciclo é o que faz a ponte da sensibilização musical para a propriamente dita Educação Musical (disciplina obrigatória existente no currículo do 2º ciclo nas escolas portuguesas). Neste momento estão em curso vários projectos de implementação artística neste ciclo, nomeadamente o início neste ano lectivo de 2006/07 do Programa de Enriquecimento curricular do 1º ciclo do Ensino Básico.

        A forma que encontramos para auxiliar esta missão de alfabetizar musicalmente uma população universitária de formação generalista e especializada foi criarmos um método que, foi objecto da Tese de Doutoramento intitulada “MILMESA - Método Interdisciplinar de Literacia Musical, educação e Sensibilização Artística” que passamos a descrever sucintamente: MILMESA é, em suma, direccionado ao ensino artístico no ensino superior, com o intuito de interligar efectivamente e na prática as quatros expressões artísticas (Musical, Plástica, Motora e Dramática). As 129 Propostas Metodológicas (PM's) que são a base do MILMESA, estão comummente ligadas às disciplinas de Expressão Musical I, Expressão Musical II e Metodologia das Expressões (Musical, Plástica e Dramática), todas elas abordadas numa perspectiva interdisciplinar no campo das expressões. Estas disciplinas de índole artística foram (e são) ministradas na UTAD (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro) nas licenciaturas em Educação de Infância, Professores do 1º Ciclo do Ensino Básico (ensino generalista) e em Teatro e Artes Performativas (ensino artístico).

        As PM's têm as seguintes características: 1) São apresentadas publicamente; 2) São acompanhadas de uma iniciação musical, para que futuramente seja mais fácil o caminho para o aperfeiçoamento artístico; 3) São idealizadas, preparadas e executadas em períodos lectivos (sala de aula ou espaços alternativos) para que seja um processo presencial e comungado por todos; 4) Retratam uma década de leccionação, na incessante procura de facilitar o acesso de todos à música e às artes em geral; 5) Promovem amplamente a participação discente, na criação, elaboração, aperfeiçoamento e conclusão de todas elas (criação colectiva); 5) Todas as PM's têm como finalidade última melhoria e aperfeiçoamento das capacidades do discente (neste caso futuros professores, educadores ou actores) em termos teóricos e práticos nas áreas das expressões artísticas, bem como do docente no melhoramento da sua prestação e performance pedagógico-didáctica; 6) As PM's são painéis, a murais, esculturas, jogos, livros, espectáculos de teatro musical, colóquios, congressos, construção de cenários, textos originais, construção de instrumentos, recriação de ambientes etc; 7) Todas as PM's são de elaboração própria (122), sendo que 7 são adaptações; 8) As PM's foram seleccionadas segundo dois critérios distintos: a qualidade e a diversidade. As actividades adstritas ao MILMESA) estão assentes nos seguintes domínios: 1) Desenvolvimento de aptidões pessoais e artísticas ; 2) Inovação e Criatividade ; 3) Interacção e sociabilidade ; 4) Concentração e audição ; 5) Ritmo, repetição e movimento ; 6) Expressão e Improvisação.

        O MILMESA tem como principais objectivos desenvolver as seguintes áreas e capacidades: 1) Desenvolver de forma interdisciplinar a formação artística a partir das Expressões: Musical, Plástica, Motora e Dramática; 2) Promover o jogo e o aspecto lúdico na educação; 3) Desenvolver a noção, conceito e a consecução da Literacia Artística; 4) Promover um amplo sentido de desenvoltura pessoal e social, artística e educativa através da sensibilização artística em geral; 5) Criar laços ou elos de ligação entre as artes e outras áreas do saber de forma transdisciplinar; 6) Dar a importância devida à prática como forma de chegar à teoria: Ou seja, primeiro praticar e depois teorizar; 7) Promover a criação colectiva como base de grande parte dos produtos artísticos desenvolvidos por todos em patamares de participação igualitária; 9) Desenvolver o ideal de projecto participado; 10) Desenvolver um espírito de respeito pelo próximo e pelas suas diferenças, adstritas a todas as práticas democráticas e livres promovidas por este método interdisciplinar sem fronteiras.

        O MILMESA tem como principais linhas orientadores as seguintes bases para a sua consecução plena: 1) Estabelecer uma ligação estreita entre docente, discente, instituições e outras pessoas que interajam no processo educativo; 2) Criar uma ligação mais próxima entre saberes: Ser e do Saber Ser e, principalmente o Saber Fazer ; 3) Tornar os discentes gradualmente criativos e autónomos artisticamente. Capazes de positivamente desenvolver a sua própria forma de encarar a educação artística; 4) Fazer perceber que todo o processo criativo só tem um limite, que é a nossa imaginação. 5) Promover as apresentações públicas dos trabalhos realizados, como forma de internamente se valorizar o processo e a criação, assim como, externamente promover os cursos, as instituições e as pessoas (criadores) que delas fazem parte.

        A parte empírica deste estudo foi desenvolvida dentro dos parâmetros de acção da Metodologia Quantitativa Ex Post Facto , sendo a amostra correspondente a 350 discentes do ensino superior universitário. Os resultados são engrandecedores para uma pratica lectiva anteriormente desenvolvida, não somente numa década de ensino mas, especialmente, nos anos em estudo 2002/03, 2004/2005, 2005/2006.


NOTAS

(1)Dependendo dos contextos, assim como dos códigos, dos conceitos, das convenções e das terminologias usadas na música, torna-se fulcral e incontornável o papel da compreensão e do manuseamento adequado sob o ponto de vista científico, técnico e artístico da música.

(2)O ensino da música, para além do seu papel incessante no desenvolvimento integral do indivíduo, deve ainda respeitar e compreender as diversas formas de expressão artístico-musicais e as sensibilidades associadas a estas práticas, para que desta feita os discentes possam (no presente e no futuro) aprenderem a respeitar-se enquanto fazedores de arte e como seres humanos activos neste contexto, assim como aprimorarem o dever em respeitar os gostos diferenciados existentes nas sociedades contemporâneas, para além de perceberem a importância do passado (individual e colectivo) como sendo base determinante da história artística e pessoal de cada indivíduo em contínua formação;

(3)Progressivamente implementar nos contextos de aprendizagem, objectivos e projectos mais complexos e ao mesmo tempo mais motivantes para parte significativa dos discentes.

(4)Promover determinadas vivências, em contextos de aprendizagem adequados aos diferentes tipos de capacidades, capazes de desenvolverem no discente de forma positiva o seu plano emocional, cognitivo, social e artístico.

(5) A partir do respeito pela autoria intelectual e cultural, deve promover-se o acto de, agradavelmente conhecer, respeitar e valorizar as ideias e os diferentes tipos de materiais com que são confrontados os discentes. Deve-se promover a leitura e o aprofundar o conhecimento básico do que são e o que representam os direitos autorais e os direitos conexos, no que respeita à criação artística, registo de patentes, obras de arte, descobertas etc.

(6) A música deve de forma interdisciplinar estar em contacto com outras disciplinas da sua área disicplinar, assim como com disciplinas de outras áreas do saber, no que respeita ao currículo, aos princípios orientadores e aos objectivos gerais dos ciclos de ensino em causa.

(7) As temáticas ou temas desenvolvidos nos módulos, aos quais estão adstritos orientações metodológicas várias.

(8) Fundamentalmente este assunto não se resume somente a ser uma recolha massiva dos diferentes tipos de materiais existentes e de fácil acesso, mas sim pretende ser simplesmente um indicador das possibilidades que o docente e o discente dispõem para a consecução dos seus trabalhos.

(9) Devem nesta etapa os discentes aprenderem a cantar utilizando diversas tipologias musicais. Devem igualmente tocar ou ter contacto com instrumentos de diferentes géneros ou tipos (desde instrumentos populares aos electrónicos de alturas definidas e indefinidas) de distintas proveniências geográficas.

(10) Um dos aspectos centrais da literacia musical prende-se com o desenvolvimento da compreensão das formas como os diferentes elementos sonoros e musicais interagem e se organizam na criação de diferentes tipos de obras musicais . A coesão e a singularidade de cada obra pode garantir-se através da utilização de princípios composicionais como instrumentos que auxiliam o criador na organização dos sons e das ideias, possibilitando desta forma a compreensão e a manipulação destes princípios capazes de promoverem o entendimento de como os diferentes compositores os utilizam para a criação artística bem como as formas pessoais de expressão e comunicação existentes.

(11) A música, como arte performativa, adquire sentido com a realização de práticas artísticas em distintos contextos e espaços, perspectivando finalidades e pressupostos diversos, apresentando-se a públicos diferentes. A realização de projectos artísticos diversificados, constitui terreno fértil para o desenvolvimento de actividades de cariz interdisciplinar, de forma individual ou colectiva (grupo).

(12) A apetência para assistir a espectáculos, afigura-se um dos aspectos centrais na diversificação dos contextos de aprendizagem, sendo que para tal seja necessário promover a participação dos discentes (enquanto público) em espectáculos e performances artístico-musicais de diferentes estilos e orientações estéticas. Este trabalho de sensibilização artística é fundamental que parta, em caso de já não existir, da escola e, se já existe, deve ser esta apetência estimulada devidamente.

(13) Através da criação, edição, gravação, produção, notação e tratamento do som, assim como os recursos directamente ligados à Internet e ao E-Learning, os quais se revelam como instrumentos importantes na integração dos discentes nos quotidianos educativos, formativos e artísticos. Para além de constituírem uma mais-valia grandemente considerada na aquisição de competências técnicas e domínio técnico audiovisual imprescindíveis ao crescimento e desenvolvimento de habilidades profissionais e práticas despoletadas através deste contacto directo dos discentes com as novas tecnologias.

(14) Através da feitura de recolhas, registos, explorações e avaliações dos dados, revelam-se fundamentais para a compreensão e valorização deste tipo de património artístico e musical.

(15) O acto de promover e realizar intercâmbio de discentes de diferentes comunidades, culturas, religiões e etnias desencadeiam um processo mais célere no que respeita ao conhecimento recíproco dos respectivos patrimónios artísticos, musicais e culturais. Estão aqui, desta forma, bem aprofundadas importantes valências: sociais, culturais e recreativas, entre muitas outras. Aqui surgem redes, parcerias e relações protocolares que podem contribuir para a dinamização cultural da escola e, de forma determinante, promover uma mais proeminente relação com a sociedade.

(16) A compreensão das relações entre a música e os diferentes contextos, assim como as formas diversificadas de expressão cultural, científica e artística, são bases essenciais na formação artístico-musical. Desta forma, a transferência de saberes, assim como uma compreensão mais profunda das dimensões artísticas estão cativas de uma eficiente articulação vertical e horizontal com outras áreas do conhecimento.

(17) No acto primordial de investigar poder-se-á explorar-se um determinado tema, situação, problema em aberto, desde que esteja directamente relacionado com a música pode ser objecto da acção investigativa. Por exemplo: Os Períodos da História da Música ou dos Grandes Compositores, etc.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS



ABBADIE, M. (1973) L'Enfan dans l'Univers Sonore . Armand Colin: Paris.

AGUIAR, J.S. (1997) Elaboração e Avaliação de um Programa de Jogos Recreativos Infantis para o Ensino de Conceitos a Crianças Pré-Escolares. Revista de Estudos de Psicologia da USP : São Paulo.

CALDWELL, J. T. (2000) Express Singing: Dalcroze Eurhythmics for Voice . Editora Prentice Hall.

COSTA, M. (1969) Música na Pré-Escola Primária . Ed. José Olympo: Rio de Janeiro.

EDUCAÇÃO E CULTURA, Ministério da (1999) A Educação Artística e a Promoção das Artes, na Perspectiva das Políticas Públicas: Relatório do Grupo de Contacto entre os Ministérios da Educação e da Cultura : Lisboa.

EDUCAÇÃO, Ministério (1997) Legislação, Educação Pré-Escolar . Departamento de Educação Básica, Núcleo de Educação Pré-Escolar: Lisboa.

EDUCAÇÃO, Ministério (1997) Orientações Curriculares para o Pré-Escolar . Departamento de Educação Básica, Núcleo de Educação Pré-Escolar: Lisboa.

EDUCAÇÃO, Ministério da (1998) Currículo Nacional do Ensino Básico - Principais Competências. Departamento de Educação Básica: Lisboa.

EDUCAÇÃO, Ministério da (1998) Organização Curricular Currículo Nacional do Ensino Básico - Principais Competências. Departamento de Educação Básica: Lisboa.

EISNER, E.W. (1995) Educar la Visión Artística . Paídós: Barcelona.

ENCICLOPÉDIA DE EDUCAÇÃO INFANTIL, (1997) Recursos para o Desenvolvimento do Currículo Escolar , Divulgação de Livros para o Ensino e Cultura, Nova Presença: Lisboa.

FAZENDA, I. C. (1991) Práticas Interdisciplinares na Escola . Edições Cortez: São Paulo.

GAINZA, V. H. (2002) Pedagogia Musical. Dos Décadas de Pensamiento y Acción Educativa . Lumen: Buenos Aires.

GORDON, E. (2000) Teoria de Aprendizagem Musical para Recém-Nascidos e Crianças em Idade Pré-Escolar . Serviço de Educação da Fundação Calouste Gulbenkian.

LEONIDO, Levi (2006) Método Interdisciplinar de Literacia Musical, Educação e Sensibilização Artística. Faculdade de educação da Universidade de Salamanca.

MARTINS, M. de L. (1991) A Criança e a Música – O Livro do professor. Livros Horizonte: Lisboa.

ORFF, C., e Keetman, G. (1961). Orff-Schulwerk. Música para crianças . Versão portuguesa. M. L.

SANTIAGO, D. (1994) Processos da Educação Musical Instrumental . Encontro Anual da ABEM: Salvador.

SCHAFER, M. (1966) El Compositor en el Aula . Ricordi Americana: Buenos Aires.

SCHAFER, M. (1990) El nuevo Paisaje Sonoro . Ricordi Americana: Buenos Aires.

STARR, W. (1997) The Suzuki Method, in Music and Child Development . R. Wilson e Franz Roehmann Editores: Sain Louis.

STORMS, Ger (1989) 100 Jogos Musicais . Colecção Práticas Pedagógicas, Edições Asa: Porto.

STORMS, J. (2003) 101 Jogos Musicais . Colecção Práticas Pedagógicas, Asa Edições: Porto.

SUSUKI, S. (1994) Educação é Amor: um Novo Método de Educação . Palloti: Santa Maria .

VASCONCELOS, António Ângelo (2006) Orientações programáticas da Música no 1º Ciclo do Ensino Básico. Associação Portuguesa de Educação Musical.: Lisboa.

WILLEMS, E. (1968) Iniciação Musical das Crianças . Edições Pro-Musica: Bienne.

WILLEMS, E. (1981) El Valor Humano de la Educación Musical . Paídós: Buenos Aires.

WUYTACK, J. (1993) Canções de Mimar . Associação Wuytack de Pedagogia Musical: Porto.



Escrito por Dr. Levi Leonido
Desde España
Fecha de publicación: Enero de 2007
Artículo que vió la luz en la revista nº 2 de Sinfonía Virtual.
ISSN 1886-9505



 

 

PRUEBA_DESIGN-2014

 

 

SINFONÍA VIRTUAL. TU REVISTA DE MÚSICA Y REFLEXIÓN MUSICAL

ISSN 1886-9505 · www.sinfoniavirtual.com


desde 2006